A humanidade, desde sempre, tem imensa dificuldade em lidar com a rebeldia. O rebelde não obedece, não escuta conselhos, acredita que possui uma autoridade legítima; é atitude própria daquele que se revolta. Os chamados ‘metais rebeldes’ são aqueles refratários resistentes à ação do fogo. O termo rebelde é usado, especialmente, para designar adolescentes e jovens que, de maneira geral, não gostam de seguir regras, não escutam ninguém, acreditando, ilusoriamente, que já sabem de tudo.

Referindo-se á missão do profeta Ezequiel, a Sagrada Escritura relata: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles e seus pais se revoltaram contra mim até os dias de hoje”. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou te enviar e lhes dirá: ‘Assim diz o Senhor Deus’. Quer te escutem quer não (...) ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”.  (Ezequiel 2, 2-5). A atitude de rebeldia não se limita a uma etapa do desenvolvimento humano; ultrapassando atitudes individuais e grupais, pode abarcar sociedades e nações.

     
A referência bíblica ressalta: Deus não confunde rebeldia com maldade. Justamente por isso, não abandona Seu povo. As expressões ‘cabeça dura’ e ‘coração de pedra’ denotam a ignorância e auto-suficiência próprias dos imaturos. Parece-nos que a atitude de rebeldia é própria de quem não consegue retribuir ao amor que lhe é dispensado; não consegue, ora porque este amor não se submete aos seus caprichos, manhas e manias, ora, porque não se sente digno de merecê-lo, devido a um possível sentimento de culpa e inferioridade.
     
O rebelde possui um propósito: fazer com que aquele que o ama entre em contradição, oferecendo razões que atestem seu comportamento. Por exemplo, aqueles pais que todos os domingos insistem para que o filho vá a Igreja com eles. No dia em que os pais deixarem de chamá-lo, ele usará esta atitude para incriminá-los: “Hoje que eu queria ir, vocês não me chamaram, nem se lembraram de mim.” Assim, e de tantas outras formas, o rebelde sente satisfação em colocar os ouros em crise, sobretudo, despertando-lhes sentimento de culpa e remorso, os mesmo que ele possui.
       
Não obstante a rebeldia do povo de Israel, Deus não desiste, não se cansa de amá-lo e não deixa de enviar profetas para exortá-lo.  Amor que não desiste de amar, assim é o amor de Deus. Diante das rebeldias com as quais temos que lidar, deve ficar claro: haja o que houver, aconteça o que acontecer não deixaremos de amar, mesmo ignorados e desprezados. Amor não se negocia. Lancemos, também, um olhar amoroso sobre nossas rebeldias, atitudes imaturas que revelam nossa incapacidade de administrar o amor recebido, de Deus e das pessoas. 

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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