Com idades que variam de 89 anos, 82 anos, 51 anos e 23 anos, além de quatro cães, família que mora há mais de 35 anos em uma casa do Jardim dos Laranjais, terá que desocupar o imóvel, em plena pandemia, mesmo sem ter para onde ir...

Nesta semana mais uma vez a Justiça chega implacável e voraz onde talvez não deveria chegar, ainda mais neste momento de uma pandemia mundial terrível, com a maioria da população brasileira (e mundial) tentando (sobre) viver com as migalhas que restaram já que os empregos foram para o brejo junto com a combalida economia que aos poucos se afunda. Fosse só pelo lado financeiro e econômico, ainda se poderia até aceitar uma ordem judicial, que em tempos normais, não se discute, se cumpre, mas a triste realidade é que este caso envolve uma família inteira, com pessoas de idade avançada, e que terão os riscos de pegar a terrível Covid-19 triplicados já que nem lugar para ficar eles tem. 

Quanto as partes que cobram o direito da propriedade na Justiça, também não se discute, é um direito delas já que a Justiça até já se manifestou favorável. Mas como são pessoas que devem ter condições e posses, não custava (e nada impede) realizar um acordo, perante a Justiça, estipulando um prazo mais viável para que o imóvel seja desocupado. 

Vamos ao caso em tela que envolve uma família olimpiense - com idades que variam de 89 anos, 82 anos, 51 anos e 23 anos - que mora há mais de 35 anos em uma casa, antiga chácara do Jardim dos Laranjais, local que tempos atrás se tranformou em um belíssimo loteamento de padrão médio e com ótimas casas. Além dos quatro integrantes a família ainda tem mais quatro cães, que assim como a família, também não tem para onde ir.

Nesta semana a Justiça (impiedosa só em alguns casos quando comparamos com alguns casos da Operação Lava Jato) determinou que a família tem que desocupar o imóvel tendo em vista que os herdeiros entraram com uma ação de reitegração de posse. Apesar de o caso estar na Justiça há anos, o momento é realmente inoportuno e nem mesmo com um comunicado da Corregedoria Geral da Justiça, alertando sobre a fase crítica que o Estado, o país (e o mundo) enfrentam, orientando a suspensão (provisória)  dos Mandados de Desocupação e cumprimento de prazos pelos Oficiais de Justiça, o argumento não foi aceito, e a família terá que se virar, é mais ou menos por aí, segundo o advogado constituído pela família que deverá desocupar o local, Dr. Emerson Amin.

Dr. Emerson Amin disse que não vai desistir e que tentará de todas as formas evitar, pelo menos neste momento, que a família corra o risco neste momento tão perigoso já que eles não tem para onde ir. Mas segundo ele, a Justiça, mesmo contra o comunicado da Corregedoria, bate o pé e quer que a família deixe o local, mesmo sem ter para onde ir.

O advogado olimpiense disse que tenta uma das últimas possibilidades no processo. Ele protocolou no Tribunal de Justiça de São Paulo um Recurso de Agravo de Instrumento pedindo a reconsideração da decisão judicial, pelo menos por ora para que a família não corra riscos. "Tomara que eu consiga o Efeito Suspensivo, assim o Despejo não acontecerá. Caso a Justiça insista mesmo vou ter que ver se arrumo vagas para os idosos no Abrigo São José de Olímpia, o restante da família não tem para onde ir. Vamos ter que ver com o setor social da prefeitura para ver o que pode nos ajudar neste complexo caso" disse Amin muito triste e revoltado com a situação enquanto aguarda o epílogo desta tríste "novela" envolvendo uma família olimpiense e a Justiça.

EM TEMPO: O setor social da administração municipal já se colocou à disposição para ajudar a família no que for possível, basta que a família entre em contato após a decisão final da Justiça. O advogado disse que "já foi passado o caso ao setor assistencial, mas como ainda está na Justiça, eles aguardam o desfecho para tomarem providências. Mas vão ajudar sim", garantiu o advogado.

Para o advogado a pergunta que fica é: "e se esses idosos, que serão extremamente expostos em plena pandemia de coronavírus contrairem a Covid19 e vierem a óbito em razão dessa decisão? Que a Justiça olimpiense pense nisso, pelo menos por ora e reflita nas consequências que tal ato poderá acarretar..."