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EMPRESAS & NEGÓCIOS - A guerra das maquininhas

Postado em: 04/07/2019 Por Dennis Nakamura*

O por que da guerra das maquininhas de cartão

No último mês vimos uma movimentação incomum (e agressiva) no setor das adquirentes ou “maquininhas de cartões” como são mais comumente conhecidas.

No caso a Rede, vinculada ao Itaú, anunciou que zerou a taxa de antecipação de recebíveis para quem quer receber antes o valor pago à vista por seus clientes por meio de cartões de crédito e débito, detalhe: desde que sejam correntistas Itaú.

Na mesma onda, SafraPay, do banco SafraPagSeguro também anunciaram o fim da cobrança desse tipo de juros.

Com isso os papéis da Cielo, líder do setor, tiveram queda de 2,61% na bolsa B3 (Brasil, Bolsa, Balcão - antiga BM&F Bovespa). A PagSeguro e Stone, brasileiras listadas fora do país também caíam na NYSE e NASDAQ, respectivamente.

Segundo especialistas do setor, essa é uma guerra de altíssimo risco, pois dificilmente essas grandes empresas se recuperarão, e de acordo com a ABECS (Associação das Empresas de Pagamento) o Brasil avançou de 5 milhões para mais de 8 milhões de maquininhas apenas nos últimos dois anos, isso levou nosso país de 24,7 “maquininhas” por mil habitantes para quase 28 por mil habitantes. Para se ter melhor idéia Suécia tem 26 maquininhas por mil habitantes, França tem 22, Rússia tem 12, México e África do Sul têm 7 cada.


A nova corrida do ouro e os novos garimpeiros

Mas por que temos visto tanto esforço e investimento de novas empresas como Stone,PagSeguro (UOL), SafraPay para entrar e abocanhar uma fatia desse mercado antes dominado por Cielo (BB + Bradesco), GetNet (Santander) e Rede (Itaú)?

Respondo. Primeiro começou com a inclusão de milhares, se não milhões de micro e pequenas empresas na digitalização e bancarização de suas operações, antes restritas às empresas de pequeno, médio e grande porte. Ontem mesmo tive uma experiência um tanto inusitada, ao menos para mim. Após o almoço, próximo da Av. Paulista, comprei um docinho de R$ 3,00 numa dessas barraquinhas de doces da rua com pagamento em cartão de crédito, algo inimaginável 10 anos atrás. Outro fator importante é a baixa eficiência e dinamização necessária desse setor financeiro em nosso país.

Em segundo lugar, estamos vivendo uma época na qual quem tem o canal de vendas tem o poder. Já passamos pelos períodos em que os poderosos tinham processos, depois escala, depois marca, e agora estamos na era da informação e conexão. Vamos analisar o caso dos celulares, a Apple e o Google têm quase todo o mercado de celulares do mundo através de seus softwares iOS e Android, respectivamente. Isso faz com que eles tenham o poder de coletar dados e compartilhá-los com quem eles quiserem e por quanto eles quiserem. Se alguém quer criar um aplicativo (app) para coletar dados, precisa primeiro da autorização dos gigantes da tecnologia, se quiser vender algo, idem.

No caso das maquininhas, é simples, quem tiver a maior quantidade de maquininhas espalhadas pelo país e maior volume transacionado internamente por seus sistemas, vence. Vence pois essa empresa terá maior capacidade de criar novos produtos e serviços e fazer o famoso cross-selling, quando você usa um produto para vender outro (não confundir com venda casada). Quem nunca recebeu uma mensagem do Uber recomendando que você testasse o UberEATS e vice-versa?


Inovação: a transformação dos smartphones em maquininha de pagamento

Anos atrás vimos a PagSeguro lançar uma maquininha de pagamento para ser acoplada ao smartphone. Hoje, com as carteiras virtuais (virtual wallets), cada celular já é uma potencial maquininha.

De uma forma mais escondida, através de formas de pagamento online, um dos métodos de pagamento de e-commerce, 99UberUberEATSiFoodRappi e outros já estão educando os consumidores a pagarem usando apenas seu celulares, e a história do poder também é valida para eles.

iFood começou repassando os valores transacionados pela plataforma para os restaurantes após até 45dias da compra do cliente, Uber repassa semanalmente, 99, após até 2 dias em seu cartão de crédito pré-pago, e como vimos, isso permite a cobrança de juros por adiantamento de recebíveis p.ex., além da possibilidade de outros serviços.

Atualmente as empresas que estão gastando dinheiro com o próximo nível de educação de consumidor quanto ao meio de pagamento, é o Mercado Livre, NuBank e a Rappi com os novos formatos de pagamento por QR Code.

Reparem que Mercado Livre e Rappi oferecem descontos para os clientes que baixarem seus apps e utilizarem para pagar compras e serviços em estabelecimentos pré-selecionados.Mercado Livre, através do Mercado Pago dá um passo além e ainda nos incentiva a aplicarmos nosso dinheiro tocando na opção “Render meu dinheiro” dentro de seu app. E oNuBank ainda possibilita que qualquer correntista possa fazer cobrança por QR Code de qualquer outra pessoa.


O próximo passo: Blockchain

Além dessas em meios de pagamento, sabemos que uma nova plataforma de informações vem criando forças: o blockchain. Não vou usar o tempo de vocês para explicar (de novo) o que é blockchain e criptomodeas, apenas vou falar sobre suas vantagens básicas no mundo financeiro, e essa é uma corrida que deve começar em breve. (Quem quiser ler mais sobre Blockchain, aqui está um link simples sobre: https://ciberia.com.br/blockchain-para-dummies-finalmente-uma-explicacao-simples-31068 )


No mundo financeiro, blockchain permite que ganhemos algumas praticidades:

Segurança e rastreabilidade: as fraudes em plataformas de blockchain são extremamente difíceis de se fazer, por isso dizemos que é um sistema praticamente anti-fraudes e isso deve reduzir um pouco as ações dos bandidos, pelo menos no começo.

Também facilitamos a transação entre fronteiras e países. Claro que os países não definirão que o Bitcoin é sua moeda principal, mas mesmo que cada país crie a sua criptomoeda oficial, não teremos mais que nos preocupar e gastar tempo para verificar códigos swift, cotações do dia, pois tudo é realizado em minutos de forma prática e automática, atualmente essa transação tradicional pode levar até 3 dias.

A contabilidade ficará mais fácil, uma vez que é um sistema mais seguro e as transações são únicas, pois têm menor chance de erros de processamento e praticamente não haverá mais dúvidas se a sua TED foi realizada ou não.

Alguns restaurantes e outros comércios já começaram a aceitar pagamento em bitcoin 2 anos atrás aqui nas terras tupiniquins, e esse volume de “lojas” tem aumentado com o passar do tempo. Como eu disse, se será o bitcoin ou o e-Real eu não sei, mas é uma tecnologia que está começando a crescer e mudar o mercado. Um ponto ruim é que no Brasil existe apenas o recém nascido Banco Pitaya que já enxerga e está trabalhando em plataforma de blockchain para fornecer essas facilidades e segurança para o consumidor. Inclusive as maquininhas de pagamento em blockchain já devem estar saindo do forno também.


Conclusão

Não apenas no Brasil, mas os bancos do mundo inteiro são ruins de valores, taxas, serviços e produtos e têm sido lentos para se inovar, isso deu grande abertura no mercado para que essas novas adquirentes e startups avançassem para morder uma fatia do seu bolo. E isso tem incomodado.

Apenas em 2018, esse mercado de pagamentos móveis cresceu mais de US$ 1 trilhão. É um mercado vasto.

Se você tem um negócio digital ou está iniciando um, não se esqueça: quem tem o canal de vendas ou a informação, tem o poder.
Por Dennis Nakamura, 36 anos, empreendedor. Apaixonado por empreendedorismo, tecnologia e comida. 

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Jornalista responsavel:
Julio Cesar Faria
Juliao Pitbull - MTB 53113

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